Médio Oriente

Viajar no Iraque | Visitar Erbil, a orgulhosa capital curda | Curdistão Iraquiano

Começo pelo princípio. Da minha viagem ao Curdistão Iraquiano uma das poucoas certezas que tinha era a de que queria visitar Erbil, uma das mais antigas cidades do mundo continuamente habitadas. Só isto.

Há que dizer que Erbil, ou Arbil, nomeadamente a sua cidadela fazem parte do Património da UNESCO desde 2014. Falar de Erbil corresponde a falar da antiga Arbela, mencionada em importantes documentos históricos, tendo sido um centro político e religioso da civilização assíria. Todavia, com a restauração lavada a cabo nos últimos anos deixam-nos indícios de ser mais antigo.

O que achei incrível saber é que, a sua cidadela situada no topo de uma colina numa forma circular quase perfeita, não é natural. Foi antes criada e reconstruída aos poucos no mesmo lugar pelas várias gerações de habitantes. Se fizerem uma pesquisa rápida através do google maps, percebem claramente que a cidade foi crescendo de círculo em círculo, que fizeram com que praticamente se tornasse numa rotunda gigante.

Após um período em que praticamente toda a cidadela esteve em ruínas, aos poucos tem sido reconstruída, e as casas que a rodeiam –e que dão a impressão de uma muralha de uma fortaleza– do século XIX voltaram a vigiar Erbil lá do alto.

COMO E O QUE VISITEI EM ERBIL:

COMO CHEGUEI A ERBIL? De autocarro vindo da cidade de Diyarbakir no sul da Turqua. A viagem foi longa. Parti por volta das 15h e só cheguei à capital curda jé bem perto das 3h da madrugada. A estrada nalguns pontos não era boa devido ao desvio que se faz agora devido à guerra. Também parámos para jantar junto do Rio Tigre avistando a Síria na outra margem. Na fronteira tudo foi normal, mesmo com as bagagens a serem vistas nas máquinas de raio-x, não demorámos 1 hora na travessia.

O bilhete custou 150TL sensivelmente 23€ para percorrer os quase 500km de distância, e com acesso a wi-fi grátis!

ONDE FIQUEI ALOJADO?

Na noite da chegada –e como o terminal dos autocarros fica longe do centro e da cidadela– dado o adiantado da hora decidi pernoitar por ali perto do terminal rodoviário. Na manhã seguinte apanhei um táxi e fui directo até ao coração antigo da cidade. Nas ruas em redor do antigo bazar e da praça central Bakhi Shar Park consegui encontrar vários hotéis mais baratos e alguns deles com as condições mínimas.

O QUE VISITEI NA CAPITAL CURDA?
Desengane-se quem pense que esta cidade é pobre ou algo do género. Esta malta de uma forma geral não vive nada mal. Muito graças ao petróleo e ao apoio dos EUA –com interesses económicos por detrás– aquando e no final da guerra, tornou esta região a mais rica do Iraque. No entanto eles queixam-se, pois sabem que o preço a pagar pela ajuda dos EUA nessa época foi vender-lhes petróleo a preço muito, muito baixo, o que significa que os efeitos dessa autonomia poderiam ser muito mais benéficos do que são.

Andei bastante a pé pelos arredores da cidadela, o bazar, o mercado do dinheiro, pelo bairro cristão de Ankawa e por um dos seus parques da cidade; o parque Shanidar onde nas imediações estava a haver uma interessante feira do livro.

Tive ainda tempo de passear com o meu amigo no gigantesco parque Sami Abdulrahman, construído num local que outrora servia de base militar a Saddam, onde achei peculiar uma frase inscrita num memorial ” Freedom is not free”.

VISITEI AINDA:

O Bazar, esse sacana… foi uma perdição. Como já disse no meu artigo sobre Mardin na Turquia, engordei nesta viagem e penso que esta cidade contribuiu uns bons gramas para isso. Verdade que o Curdistão Iraquiano não é barato. Mas a comida é. A par com os gelados, os doces, a shisha, os sumos…os frutos secos. Foi difícil controlar-me.

O bairro cristão de Ankawa é onde podemos experimentar mais restaurantes e comidas internacionais, pizzarias, hamburgerias e…bares! Lojas de venda de alcóol são aqui comuns. Se for um viajante sedento, não perca Ankawa! E imagine-se, descobri que se faz bom vinho aqui no Iraque-mas só de produção caseira!

O mercado do dinheiro? Bem, não sei se lhe deva chamar mercado, talvez o nome mais correcto seja “rua, ou zona” onde se troca dinheiro. Muito curioso este lugar onde vários comerciantes trocam dinheiro a céu aberto, sem cadeados, sem portas. Tudo legal…acho.

No último dia da minha estadia nesta cidade tive a compnhia de um local. Como já pouco havia a mostrar levou-me a uma feira do livro. Visitar uma feira do livro no Iraque? Porque não? E foi uma enriquecedora experiência. Deu para perceber muito bem o grau de abertura com que os curdos lidam com muitos temas em comparação com os seus “amigos” árabes. Eu mesmo que viajo muito pelo Médio Oriente fiquei impressionado.

Todavia não podia ir embora sem visitar uma mesquita, e antes de partir em direcção às montanhas de Rawanduz caminhei até à maior mesquita de Erbil e do Curdistão Iraquiano , a grande mesquita Jalil Khayat.

Trocamos dinheiro!
Mesquita Jalil Khayat

Achei a cidade bastante interessante, apesar da sua dimensão nota-se que há preocupação em ter espaços verdes, e isso faz-me sempre pensar coisas boas de um lugar.

Em certa medida fez-me lembrar as cidades iranianas, aliás em muitas outras áreas de interesse geral esta região curda fez-me pensar no seu vizinho Irão. Como por exemplo a própria língua curda, a qual a sonoridade remetia-me constantemente para a língua farsi, sendo algumas palavras mesmo similares segundo o que me disseram.

MAS NÃO É PERIGOSO VIAJAR NO IRAQUE?

Pode ser. Se se aventurarem FORA da Região Autónoma do Curdistão aí em algumas regiões há riscos que aqui não se correm. As pessoas por aqui foram muito hospitaleiras, e de sorriso fácil, as estradas no geral são boas e o exército curdo controla bem as suas fronteiras com o restante Iraque saído da guerra.

É um país no interior de outro, até mesmo iraquianos de Bagdade que conheci em Amediya, me confessaram adorar visitar o curdistão, não só por ser mais verde, mas também pelo conforto.

Se se limitarem a visitar o Iraque curdo é muito seguro, mas já sabem o que eu respondo quando me perguntam se determinado lugar é seguro. É sempre relativo, depende. O que é ser um local seguro? Por exemplo; circular num sábado à noite cruzando viaturas com condutores alcoolizados, é uma cena segura? Diria que são mísseis desgovernados.

Boas viagens!

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