Africa

Mauritânia, eternamente grato

Barco tradiconal no incrível Porto de Nouackchott

Há muito que tinha vontade em conhecer este país. Porquê Mauritânia? Fácil. Muito deserto, Mauritânia é deserto. Isto para mim basta e é qualidade necessária para me fazer ir. O amor pelo deserto e por espaços vazios e inóspitos, sejam desertos ou montanha tem crescido cada vez que me deixo engolir por esta natureza selvagem.

Mauritânia entrou assim diretamente, e sem espinhas, para o meu coração.

Mauritânia é uma paleta de cores. Mauritânia pode ser muito verde, pode ser, dourada, pode ser azul, muito azul. Pode ser o que quisermos, mas garanto-vos esses contrastes estão lá, ou estarão dentro de nós?

Pode ser castanha, até pode ser montanhosa. Pode ser silenciosa, mas barulhenta. Mauritânia não serão só pedras e areia ? Sim, também, mas Mauritânia também é o mar.

Mauritânia também são pessoas, e tem pessoas muito pobres, mas muitos desses pobres que nos vemos, serão pobres mesmo? Pobres de quê ? Com a exceção de ter o mínimo conforto (casa, água potável, luz, comida). Dão-nos tanto estas pessoas. Grato.

Precisava de ti Mauritânia, e foi este vazio, e esta “limpeza de imagens” que me faz voltar a mim no meio do bombardeamento de “coisas” de que somos alvo no dia a dia. Mauritânia foi conexão com a desconexão. Essa “coisa” de que tantos de nós precisamos, uns sabem e outros nem por isso.

Por isso Mauritânia foi também um antibiótico. Mauritânia serve muito bem para uma tela quase em branco e faz-nos ter miragens, só que essas miragens, não são miragens, há espaço e podemos ser só nós. Existir por existir. Eternamente grato.

Grande amigo Amílcar caminhando no sul da Mauritânia

Um grande amigo, um grande viajante | Amílcar Sequeira

Uma palavra de amizade, de carinho e de bem haja para este viajante. Acontece que esta pessoa já não é apenas um viajante, é um amigo.

Este senhor com os seus mais de 70, e que me desculpe a sinceridade, muito mais de 70, decidiu ser meu companheiro numa voltinha pelo sul da Mauritânia depois da viagem de grupo na qual ele também participou. Viagem essa que incluiu embarcar no mais longo comboio do mundo, não no vagão dos passageiros, mas nos vagões de minério (ferro) que o comboio transporta durante 18 horas, desde as minas de Zouerát até Nouadhibou. E sim, ele e mais 13 intrépidos viajantes.

Todavia este senhor tem mais de 70, muito mais de 70. Sempre de sorriso fácil, sempre com boa palavra, bons modos, sem queixas nem lamentos. Mas mais do que “apenas” o propósito de cumprir o desafio, o Amílcar estava feliz e notava-se o brilho do entusiasmo e do sentimento de privilégio por poder ali estar. Eternamente grato.

Tão bom presenciar e estar junto desta energia num mundo em que viajar se tornou moda, cumprir check-lists e competir entre visitar aquele ou o outro destino, ou quantos, e ainda ser visto porque se não formos vistos não fizemos ou não aconteceu.

Eternamente grato por ter sido a minha companhia na tal expedição ao sul em que ficámos presos e bloqueados no deserto durante 3 dias. Salvou-nos um camelo !

Não me apetece escrever dicas e guias sobre locais e países, já há muito disso, estamos inundados de informação e de sugestões, apetece-me apenas demonstrar a minha gratidão, permitam-me. Eternamente grato Amílcar!

Mata da Bidoeira, 5 de Novembro de 2024

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