A estrada dos Reis-Jordânia
A Jordânia é de alguns anos a esta parte um destino “obrigatório” para qualquer viajante. Há muito que sonhava em visitar este país recheado de história e que alberga uma das 7 maravilhas do mundo actual: Petra!
Mas desenganem-se. Jordânia não é só Petra. É o enfeitiçador deserto de areias ocres de Wadi Rum, são as imensas ruínas greco/romanas e bizantinas de norte a sul, é o salgado Mar Morto e muito mais, sem esquecer também a hospitalidade do seu povo que nos acolhe e faz sentir em casa.
Desta vez decidi viajar em grupo, e fazer o roteiro que percorre essa estrada mítica com milhares de anos a: “King’s way”.
Nunca tinha viajado em grupo e valeu bem a pena. Tive assim a companhia de 11 maravilhosas pessoas que não conhecia o que ajudou ainda mais a enriquecer a experiência.
Para já decidi fazer um post geral sobre o percurso, mas asseguro-vos que alguns destes lugares vão merecer especial destaque, com post próprio.
ESTES FORAM OS LOCAIS QUE VISITÁMOS:
AMÃ
Amã para mim é feia. Sem mais medidas. É assim mesmo. Mas é assumidamente feia, tão feia que eu gosto. A capital da Jordânia tem no entanto bastante história, ou não fosse uma das cidades continuamente habitadas mais antigas do mundo. É confusa e pode ser caótica no trânsito, dizem ter 7 colinas como a nossa Lisboa…Muito comércio, muitas lojas, muita gente, muitos carros e pouca cor.
Do alto da sua antiga cidadela aferimos a presença nesta terra de grandes civilizações, mas também do que resta de uma gigantesca estátua de Hércules que teria cerca de 13m de altura! Daqui temos a melhor vista, podemos avistar o emaranhado de prédios e construção desenfreada de que esta cidade foi vítima. Principalmente no final da guerra com Israel quando aqui se refugiaram centenas de milhares de palestinianos num curto espaço de tempo. Descendo a Este numa zona da cidade conhecida como “Downtown”, encontraremos o antigo Teatro romano. Suba as suas bancadas sem olhar para trás, isto se tiver vertigens, como eu…
Mão de Hércules na cidadela de Amã
JERASH E CASTELO DE AJLOUN
Localizada a uns 50 km a nortte de Amã, encontra-se uma cidade que neste momento é um “highlight” de qualquer visita à Jordânia, a cidade antiga de Jerash. Com sinais de ocupação humana com mais de 5000 anos, foi debaixo da alçada dos Romanos que atingiu o seu apogeu. Era considerada uma das 10 grandes cidades romanas do grupo “Decapolis”. É uma das mais bem preservadas cidades romanas do mundo e é candidata a património UNESCO. Sabe-se ainda que apenas estão a descoberto cerca de 25% de todo o seu património, impressionante, não?
Via Romana
Castelo de Ajloun
Aliando a fabulosa localização altaneira à genialidade da arquitectura medieval árabe, um dos generais de Saladino no séc.XII decidiu aqui no norte do país construir uma das mais importantes fortificações de todo o seu sistema de defesa. O objectivo primário seria controlar o acesso às minas de ferro de Ajloun. Mas também dominar as principais rotas comercias que por aqui passavam.
Do alto da sua torre podemos mirar com bom tempo, as montanhas do Líbano, a Síria e até Jerusalém. Muito útil para quem queria expulsar os Cruzados daquelas bandas. Eles bem que tentaram inúmeras vezes, sempre sem sucesso…
DICA: Dada a proximidade de Jerash e Ajloun a Amã é perfeitamente exequível fazer um bate-volta a partir da capital Jordana sendo portanto desnecessário dormir em Jerash ou Ajloun. Caso opte por fazê-lo deixo o link dos alojamentos disponíveis em Ajloun que será porventura o local indicado para pernoitar.
MADABA E UMM AR-RASAS
A “cidade dos mosaicos“. Dito assim pode “soar” a pouco, mas se vos disser que é aqui que podemos encontar o famoso Mapa em mosaico da Terra Santa então a coisa muda de figura. São dois milhões de pecinhas em pedra local cheias de cor que ilustram as colinas, os vales, as aldeias e as cidades de toda a região até ao Delta do Nilo.
O Mapa de Mosaico de Madaba cobre o chão da Igreja Grega Ortodoxa de S. Jorge. O painel de mosaicos tinha originariamente, um tamanho de 15,6 m por 6 m e 94 metros quadrados. Apenas um quarto foi conservado.
Vista parcial do painel
Umm Ar-Rasas
Este é daqules lugares que pode passar despercebido. Injustamente, pois o local até é considerado Património UNESCO. A escassos 30km de Madaba encontramos as ruínas de um local muito antigo mencionado na Bíblia. A atração principal é o painel em mosaicos que está no interior da Igreja de Sto.Estevão. Foi uma boa surpresa. Este está perfeitamente bem conservado e é datado do ano 718. Representa magnificamente as 15 grandes cidades da Terra Santa a ocidente e oriente do Rio Jordão. Pode ficar atrás a nível de importância histórica ao de Madaba, mas no presente devido à sua conservação este surpreendeu-me.
Painel de mosaicos em Umm Ar Rasas
MAR MORTO
O Mar Morto situado a 400m abaixo do nível médio do mar, é o local mais baixo à superfície da terra. Alimentado sobretudo pelo Rio Jordão mas também por outros pequenos riachos vindos das montanhas jordanas. Como as águas aqui ficam acumuladas, evaporam e assim deixam para trás uma densa e rica mistura de sais e minerais que fornecem à indústria, à agricultura e à medicina alguns dos seus melhores produtos. Obviamente chama-se Mar Morto porque com estas condições nenhum animal aqui sobrevive.
Com um grau de salinidade cerca de 10 vezes superior à água do mar -além de conter outros minerais- mergulhar aqui pode ser um desafio. Um cómico desafio. Pois o que lhe irá acontecer é que devido à sua alta densidade, torna-se praticamente impossível tocar no fundo, restando-nos apenas a alternativa de boiar relaxadamente. O que me parece óptimo para quem sabe nadar como um prego, como eu…!
Pode aproveitar para ler um bom livro, mesmo em locais que não tenha pé, olhando para as montanhas do outro lado da margem.
Mar Morto
RESERVA BIOSFERA DE DANA
E que tal uma aldeia semi-abandonada, situada em no alto do Vale do Rift jordano avistando ao fundo as planícies desérticas de Wadi Araba ?
Não foi fácil aqui chegar, o tempo estava péssimo e o nevoeiro era cerradíssimo. Depois, da caótica Amã, da intensa passagem de ano em Madaba e das várias centenas de quilómetros percorridos, chegar a Dana foi como uma vitamina.
Deixei-me levar pela serenidade, o silêncio só foi interrompido pelos rebanhos de cabras que por ali andavam, respirei o ar puro e caminhei pelos penhascos e encostas ouvindo ao longe, bem ao longe os badalos dos rebanhos. Apenas permaneci. Como recompensa da difícil jornada que foi aqui chegar, tive direito a um dos mais belos pôr do sol da minha vida. Não o perca se vier a Dana. Ele “deita-se” no abismo que se forma no horizonte do vale. Faça-se silêncio e assista-se ao espectáculo. É grátis.
Pôr do sol visto da aldeia de Dana sobre o wadi Araba
CASTELO DE SHOBAK
Empoleirado no alto de uma montanha no meio de uma (actual) paisagem desértica a caminho de Petra, está o castelo de Shobak. Mandado construir pelos Cruzados no Séc.XII é a par com o Castelo de Karak -que não pudemos visitar devido a uma forte chuvada- um dos melhores exemplares deste tipo de fortificações no país. Sucumbiu em 1189 à arte da guerra de Saladino após 18 meses de cerco.
Ele é imponente principalmente visto da estrada principal. Tentem imaginar além do que está ainda visível, mais 4 andares. Lá dentro além das ruínas de duas igrejas, destaco uma flor de lis esculpida numa pedra numa ombreira de uma porta de uma das igreas…Quem a conseguir encontrar SEM AJUDA, contacte-me e receberá um mimo do 100rota.
PETRA
O que dizer…não sei muito bem. Não há muio a dizer. É ir. Diz muito de um lugar o facto de quando as expectactivas estão altas e a ansiedade para o visitar é grande e mesmo assim ele não te desilude. A mim não desiludiu. É um dos achados arqueológicos mais famosos do mundo, e o tesouro mais valioso da Jordânia. Ponto.
Uma vasta cidade autenticamente esculpida no interior e face rochosa das montanhas ali existentes. Desviaram cursos de água, esburacaram se montanhas para fazer os seus conhecidos túmulos. Portanto o local indicado para se fazer uma cidade…
Construída pelos Nabateus, um engenhoso povo árabe, decidiu aqui fazer este grande entreposto comercial para servir os viajantes da rota da seda e das especiarias que ligavam a China, a Índia às arábias até Roma passando pela Grécia. Só os terramotos a fizeram entrar em decadência e desparecer no meio das areias até ao séc.XIX ser redescoberta.
Actualmente habitam por cá os beduínos. São eles que tomam conta do local. Ainda bem. São deles todas as barraquinhas de artesanato e “souvenirs” assim como peuqenos cafés de apoio aos turistas. Inicialmente até achei que não ficava muito bem no cenário. Mas pensem comigo: “Já no antigamente isto seria assim, apenas o propósito mudou“, certo ?
Dois dias é o mínimo para se estar em Petra. Há um desfiladeiro para se fezer chamado de “SIQ” que é obrigatório fazer para se chegar ao “TESOURO”. Depois seguindo à direita, irá percorrer a “RUA DAS FACHADAS”. Logo no primeiro dia aventure-se a fazer o trilho do “SACRIFÍCIO” e se tiver forças o do “MIRADOURO DO TESOURO”. No segundo e já retemperado de energia, tome um bom pequeno almoço e suba 900 degraus até ao “MOSTEIRO”. Foi assim que fiz e dei-me bem. E olhem que fiz parte dele descalço, só com meias! Mas isso fica para outro post…
Hei de voltar, além de o querer fazer calçado, também quero ver PETRA à noite. Fica para a próxima, desta vez com o resto da família. Inch’ allah !
Vista de parte do percurso do “SACRIFÍCIO”
ALOJAMENTOS EM PETRA (Vila de Wadi Musa)
WADI RUM
É um deserto. As cores da sua areia são maioritariamente ocres. As formações rochosas além de impressionantes são também recheadas de cores quentes. Por vezes quando o sol se põe dá uma de fogo como não haverá igual.
Quem me acompanha já percebeu a minha perdição lugares assim. Por aqui apaixonou-se “Lawrence das Arábias”. Pelo lugar, e dizem as más e boas línguas por mais alguém.
Por aqui vivem os beduínos, caloroso e hospitaleiro povo. Não só vivem, eles são as raízes desta terra. Não ousem pensar em tirá-los daqui.
Aqui é sentar à noite à volta da fogueira, ver o céu estrelado e contar histórias, verdadeiras ou não. É ouvir a grandeza do silêncio. Fazer uma caminhada ou escalar as curiosas formações rochosas, interpretá-las e imaginar figuras, porque não ? Aqui podemos voltar a ser crianças, correr e dar cambalhotas nas dunas, ninguém nos julgará. Até fazer uma caminhada em que avistamos de bem perto o país vizinho, a Arábia Saudita. Mas para mim o desafio é: Consegui estar comigo próprio. Ás vezes é difícil…hahahaha
Senti que o lugar tem uma energia acima do normal, já tive o privilégio de estar noutros desertos mas este passou a ser “o deserto dos meus desertos“. Até agora. É o meu lugar preferido na Jordânia.
Wadi Rum
AQABA
Terminamos em Aqaba. Uma cidade balnear no Mar Vermelho. No entanto devido ao esplendor de outros lugares na região este é um pouco menosprezado. Aqaba tornou-se num mero ponto de passagem na maioria turistas Sauditas, que aqui vêm apanhar um pouco o ar de liberdade que não têm no seu país. Daqui vemos o Egipto e Israel e é possível através de Aqaba sair para estes países.
Os preços pareceram me um pouco mais em conta pois aqui é uma zona franca. Bom para compras, bom para descomprimir antes da viagem terminar, ou até fazer mergulho, nada mais que isso.
Jordânia não é só Petra, pois não ?
Boas viagens!
Golfo de Aqaba, Egipto ao fundo!
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Giulia | Like Wanderlust
27 Janeiro, 2018Não conhecia nada da Jordânia. Amei ler o seu relato e todas essas dicas, tem tantos lugares lindos no mundo que não temos ideia né? As fotos estão lindas e o que mais gostei foi mão de Hércules em Amã. Abraços
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Obrigado Giulia, agora é começar a pensar em ir até à Jordânia!
Cris
27 Janeiro, 2018Que roteiro poderoso! Sua palavras sobre Petra me deixaram mais empolgada para planejar essa viagem. Adorei!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Obrigado Cris, ainda bem que está empolgada agora!
Juliana Torres
27 Janeiro, 2018Que viagem incrìvel! Tenho muita vontade de conhecer Petra, mas lendo teu post, acredito em tua frase: Jordânia não é só Petra!
obrigada por compartilhar!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018É isso mesmo Juliana, boas viagens!
rui batista
28 Janeiro, 2018Excelente roteiro. Sinto que tenho de voltar à Jordânia, pois não estive o tempo suficiente nem fiz tudo o que desejava. Wadi Rum continua a falar na minha lista de lugares mágicos. Bela partilha!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Abraço Rui, hás de voltar então, grande abraço!
Josiane Bravo
28 Janeiro, 2018Uauu uauu amei demais o seu roteiro, e como disse, a Jordânia vai muito mai além que Petra. Sonho em conhecer e já fiquei aqui todo entusiasmada em flutuar no Mar Moto haha, não sei nadar e só entro na água quando sei que dá pé hehe.
Abraços
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Já somos dois! O Mar Morto é bom para nós, hehehe
Ana
28 Janeiro, 2018A Jordânia está no meu top de viagens a fazer há algum tempo, em boa parte por Petra (defeito de profissão), mas também por uma grande curiosidade pela zona de Wadi Rum e os seu povo. O que escreveste aqui ainda acentuou mais a vontade de conhecer. Gostei do roteiro e sem dúvida que me vai servir de inspiração!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Ana como arqueóloga de certeza que vais gostar de Jerash e mais outros locais, de Petra nem falo hahah acho que vais querer lá ficar. Boas viagens!
Marta Chan
28 Janeiro, 2018É mesmo um país impressionante, com paisagens lindissimas e uma riqueza cultural e histórica brutais. Ultimamente muitos bloggers de viagens falam sobre este país, que bem há pouco tempo eu desconhecia. Fiquei pasmada com a foto de Petra e fico à espera desse post com todos os detalhes. Não fazia ideia que seria necessário mais que um dia!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Olá Marta, o ideal no mínimo são dois dias sim. Num dia é impossível ver tudo, mesmo fisicamente, aquilo é enorme. Boas viagens!
Viviane Carneiro
29 Janeiro, 2018Nossa… a Jordânia parece ser um lugar incrível! Paisagens lindas, cultura diferente e muito mais. Quero muito conhecer!
projecto100rota
31 Janeiro, 2018Acho que faz muito bem Viviane! Boa viagem!
Analuiza
1 Fevereiro, 2018Aldeias semi-abandonadas, castelos, cidades de pedra e aquelas tão feias que encantam… Deserto e o Mar Morto! Essa definitivamente deve ser uma dessas viagens que marcam definitiva e irreversivelmente nosso espírito! As paisagens são sensacionais e o roteiro me pareceu maravilhoso!
projecto100rota
1 Fevereiro, 2018Olá Analuiza, resumindo…tens de ir!!!!
Renata Rocha Inforzato
2 Fevereiro, 2018Ficou muito legal este post e as fotos são lindas. Espero um dia conhecer a Jordânia e ver isso tudo de perto. E quando isso acontecer, me lembrarei do seu post
Victoria
13 Fevereiro, 2018Ual, já tinha vontade de visitar a Jordânia. Depois desse post com tantas dicas úteis fiquei com vontade de comprar a passagem e ir agora. Que lugar incrível, Ual!
projecto100rota
13 Fevereiro, 2018Vamos embora!! Obrigado pelo comentário!