América do Sul, Dicas

ROTEIRO DE VIAGEM NA BOLÍVIA | Bolívia, a imensidão da paisagem | Por Carina Silva

A Carina no Salar de Uyuni

Sempre que possível aqui neste espaço de viagens, convidarei viajantes a partilhar as suas experiências ou roteiros preferidos. Foi o que fiz com a Carina. Uma jovem nortenha, cheia de fibra, garra, mas simultaneamente doce e carregada de boa energia que tive o privilégio de conhecer há algum tempo, e que acima de tudo é uma apaixonada assumida da Bolívia. 

A Carina Silva nutre o espírito de um carneiro: determinada, curiosa , insatisfeita e constantemen.te à procura de desafios. Descobriu cedo a paixão pela natureza, adepta de campismo e caminhadas, foi com os escuteiros que começou a sua cruzada por Portugal. Aos 16, fez a sua primeira viagem fora dos limites lusitanos, num interrail de 15 dias que a levaria a ver as cicatrizes do Holocausto expressadas em Auschwitz, na Polónia. Seguiram-se Áustria, República Checa e Hungria nas paragens seguintes. Começava assim o gosto por viajar, mas até aqui com curta duração. Mais tarde, concluiu a licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação e após dois anos a trabalhar numa agência de marketing percebeu que tinha de ir mais longe. Colocar a mochila às costas e partir rumo ao desconhecido. Começou assim uma viagem de seis meses pela América do Norte e Sul que foi relatada no seu blog Camomila ao Vento. No rescaldo desta aventura, abre a MEDIAsounds, uma agência de assessoria de imprensa e estratégias de comunicação focada no mercado cultural. Daí expandiu para as vertentes da produção e road management artístico, funções que ainda hoje desenvolve em simultâneo com a Landescape. É o rosto por trás da comunicações da agência.

 

ROTEIRO: BOLÍVIA, A IMENSIDÃO DA PAISAGEM 

Com 60 por cento da população ainda com origens indígenas, a Bolívia oferece desertos de sal, o maior lago navegável do mundo, ilhas sagradas para a civilização Inca, cidades património mundial da Unesco, selva amazónica e as minas do Cerro Rico, entre tantas outras paragens que ficam no coração e na mente para sempre.

A Bolívia é um dos países mais pobre da América do Sul e as suas infraestruturas – apesar de terem melhorado muito nos últimos anos – continuam precárias em muitas regiões. Talvez por essa razão a maioria dos viajantes que aqui chega seja mais jovem e adepto do estilo mochileiro, preferindo viver uma aventura e relegar para segundo plano o conforto. Porém, isso não significa que o país não ofereça boas opções de hotéis e uma vida social agitada. Por aqui, abundam paisagens de tirar o fôlego, que aliadas aos costumes e cultura deste povo indígena, são atrativos mais que suficientes para garantir uma experiência inesquecível. Se és amante de viagens culturais e de turismo de natureza, segue o roteiro que preparámos para quinze dias repletos de aventura e profunda conexão com a tão acarinhada Pacha Mama, a divindade local conhecida também com Madre Tierra.

 

La Paz

Situada num vale profundo, rodeado por montes e montanhas de grande altitude, pertencentes à Cordilheira dos Andes – o que já por si é uma paisagem digna de suster a respiração – La Paz está repleta de pontos de interesse tanto dentro como fora da cidade. As ruínas megalíticas de Tiwanaku, que pertenceram outrora à civilização Inca, e o curioso Valle de La Luna, cujas formações rochosas nos remetem para a superfície da lua, localizados a curta distância do centro e acessíveis por transportes públicos, são dois desses exemplos. Mas deambular pelas ruas apertadas da capital ou aceder a uma das seis rotas de teleférico, e visitar o caricato Mercado de las Brujas com os seus esqueletos de lamas, folhas de coca e todo o tipo de gastronomia andina, vale um day tour só por si.

Ruas de La Paz

 

Ruínas de Tiwanaku

 

Copacabana – Isla del Sol

Durante o Império Inca, a Isla del Sol era considerada um santuário onde estava o templo dedicado ao deus Sol. Hoje, a ilha é habitada por comunidades de origem quéchua e aimará, que se dedicam à agricultura, artesanato, criação de gado e, mais recentemente, a atividades ligadas ao turismo. A ilha fica a cerca de 20 quilómetros de Copacabana, distância que é percorrida num ferry boat por aquele que é considerado o maior lago navegável do mundo – o Lago Titicaca. A partir da Porta Norte, inicia-se um trekking de quase 7 quilómetros até alcançar a zona sul, conhecida como Yumani. Infelizmente, devido a recentes incidentes entre as comunidades locais, o trekking a pé deixou de ser possível. Porém, aproveita o dia para interagir com os locais que por aqui caminham todos os dias, concluindo o dia com um mergulho revigorante nestas águas cristalinas e uma truta grelhada ao jantar.

Vista da Isla del Sol

 

Uyuni

É inevitável visitar o maior deserto de sal do mundo, uma das pérolas da geografia boliviana. A visita passa por um tour de três dias que se inicia em Uyuni junto à Aldeia de Colchani onde é possível testemunhar o processo rústico de extração do sal. Segue-se o cemitério dos comboios, verdadeiro cenário à Mad Max e obrigatório para os adeptos de fotografia. O primeiro dia termina com a visita à Isla del Pescado, habitat natural de cactos gigantes e lamas que ajudam a preencher a paisagem. Os dias seguintes fazem-se por entre lagoas cristalinas, famílias de flamingos, formações geológicas peculiares, geysers, nascentes termais, vulcões inativos e um deserto a perder de vista que só a memória consegue reter. Imperdível é também o luar e o céu estrelado que surgem do horizonte, especialmente na segunda noite.

 

Oruro

Considerada a capital folclórica da Bolívia, Oruro tem como ponto alto o seu Carnaval, principal evento cultural do país e património mundial da Humanidade.

Tradições andinas e católicas fundem-se num ritual de muita cor, dança e festa. São no total cerca de 30 mil bailarinos que ao longo de quatro quilómetros desfilam em trajes exuberantes que invocam a Pacha Mama e o Tio Supay, representações da Virgem Maria e do Demónio, numa celebração marcada pela diablada, uma das danças mais distintas deste evento.

Pormenor do Carnaval de Oruro

 

Santa Cruz de la Sierra

Apesar de ser uma cidade antiga é a mais moderna cidade boliviana e também a mais rica do país. Nela encontramos uma população multicultural, com menos indígenas do que o normal, mais descendentes de hispânicos e muitos imigrantes, especialmente brasileiros.

Santa Cruz não é exatamente uma cidade turística, mas tem atrativos suficientes para, pelo menos, uma passagem de um dia. A maioria deles concentra-se no Centro Histórico que pode ser explorado a partir da Plaza 24 de Septiembre. Um dos bairros mais modernos da cidade é o Equipetrol, onde está o shopping (Ventura Mall) e também bares e restaurantes, como o Hard Rock Cafe. O bairro é indicado para aproveitar a noite na cidade, assim como a Avenida Monsenhor Rivero, onde também há vários bares e restaurantes.

 

 

Sucre

Originalmente conhecida por La Plata, é hoje chamada de Cidade Branca da América, embora ambos os nomes sirvam de lembrete aos seus 300 anos de domínio espanhol. Igualmente inserida na lista da UNESCO, preserva o seu ar colonial com pequenas ruas de pedra, um belíssimo centro histórico e uma arquitetura de influência europeia que fazem dela sem dúvida a cidade mais charmosa de todo o país.

A partir da Plaza 25 de Mayo, principal praça de Sucre, explore algumas das construções mais imponentes da cidade como a Casa de la Libertad – prédio onde Simon Bolívar fundou a república em 1822. A 60 km de Sucre fica ainda o maior mercado de têxteis do país, Tarabuco, que além de uma enorme diversidade de artesanato apresenta também gastronomia tradicional e espetáculos de música e dança ao ar livre.

 

Potosi

Aos pés do Cerro Rico, uma gigantesca montanha em forma de pirâmide, Potosí leva consigo as marcas do seu passado, diretamente ligado à exploração mineira. Uma das cidades mais altas do mundo – a 4.070 metros de altitude –, declarada Património Mundial da Unesco e motor da atividade económica do país há mais de 500 anos. Segundo reza a lenda, toda a prata daqui extraída daria para construir uma ponte até Espanha.

Atualmente, apesar de residual, a busca por minerais persiste pelo que é interessante uma visita a estas minas através de uma das muitas agências turísticas locais. Antes de penetrar a montanha mais temida pelos bolivianos é necessário adquirir algumas oferendas como tabaco, álcool, dinamite e folhas de coca, que serão mais tarde depositadas junto à figura do El Tio, uma representação do diabo que os mineiros colocam no interior das minas como forma de proteção.

 

Samaipata

Conhecida pelo El Fuerte, local de antigos rituais indígenas, edificado numa colina onde se encontra o centro cerimonial de uma antiga cidade. A enorme rocha esculpida alberga um complexo de estaques e canais que dominam a paisagem, num depoimento único das tradições e crenças pré-colombianas sem comparação no mundo, integrado na lista de locais Património Mundial da Unesco. Com uma atmosfera acolhedora e pacata, a pequena vila de Samaipata é ainda refúgio de cascatas e pequenas lagoas que convidam a banhos dada a humidade e calor que anunciam a proximidade à floresta amazónica.

Caso disponham de tempo não deixem de incluir um tour pelo Parque Nacional de Amboró, onde poderão ver de perto condores e outros animais locais.

Samaipata e a…Carina.

 

Como ir

Se gostaram deste roteiro e o querem experimentar na primeira pessoa, juntem-se à Carina Silva na próxima viagem organizada à Bolívia. Será de 25 de Fevereiro a 11 de Março ’19 e todo o roteiro está online aqui: VIAGEM LANDESCAPE À BOLÍVIA.

Viajamos em grupos de 4 a 12 pessoas, ao longo de 15 dias/14 noites.

Alguma informação adicional não hesitem em contactar-me por geral@landescape.pt

 

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