Khasab-Península de Musandam
Omã ? Mas Onde fica esse país?
Foi esta pergunta que surpreendentemente (pelo menos para mim) algumas pessoas, familiares e amigos me fizeram quando lhes disse que a minha próxima viagem seria a Omã, desta vez sozinho e de forma totalmente independente. Embora adorasse levar a minha família (como o “Pikeno” Rafael iria gostar…) a viagem seria também de prospecção para a agência Landescape, como tal, assim estaria muito mais liberto de movimentos.
Já há muito que este país no Sudeste da Península Arábica estava debaixo de olho. Em primeiro por ser pouco falado o que para mim é um atrativo, e em segundo devido a um documentário que vi na TV sobre este país que até aos anos 70 era um autêntico mistério.
(Este post serve apenas como nota introdutória do que foi a minha viagem pelo Sultanato, dicas propriamente ditas virão nos próximos escritos.)
Omã é um país árabe situado na Península Arábica que tem como vizinhos, o Yemen a Sudoeste, a Arábia Saudita a Noroeste e os Emirados Árabes Unidos a Norte. Além destas fronteiras terrestres, a nível marítimo tem como vizinho o Irão no estratégico Estreito de Ormuz onde possui o enclave de Musandam.
Antes de mais, há que dizer que Omã é o mais velho estado independente do mundo árabe. Tudo começou com várias tribos árabes que aqui chegaram tendo conseguindo expulsar aos poucos os Persas que dominavam a região no Séc.I
Os muçulmanos que aqui chegaram estabeleceram uma variante do islamismo, o Ibadismo. Existindo residualmente noutros países é em Omã que o Ibadismo é maioritário, não deixando de ser praticado o sunismo e o xiismo.
Corniche de Mutrah-Muscat
Após o estabelecimento e consolidação do Imanato de Omã tudo foi mais ou menos tranquilo até à chegada dos…Portugueses, sendo a capital Muscat, conquistada no Séc.XVI devido sobretudo à sua localização estratégica para o controlo do comércio com a Índia, tendo aí permanecido cerca de um século até sucumbirem à chegada dos Otomanos e à constante pressão do povo do interior para expulsar os “tugas” da região.
Forte de Mutrah-Muscat
Daí até aos anos 70 do séc. em que sobe ao poder o actual Sultão Qaboos bin Said Al Said, Omã era um país pobre e com constantes tensões que funcionava ainda num sistema tribal. No entanto, graças à visão mais progressista do actual sultão e com a descoberta do “ouro negro”o país modernizou-se e foi-se abrindo ao mundo gradualmente.
Sultão Qaboos bin Said Al Said saúda-vos
Destaca-se sobretudo por ser diferente dos seus vizinhos. Longe das construções modernaças e por vezes megalómanas dos Emirados, longe do regime muito mais fechado em que vive o seu grande vizinho do Norte a Arábia Saudita, e longe muito longe da tensão do seu vizinho Yemen.
Ao contrário de tudo isto, Omã é tranquilo, muito seguro, muuuuuuito mais aberto a nível do dia a dia que os Sauditas e está a fazer tudo para preservar as suas tradições sem se esquecer de se modernizar.
Além de tudo isto, de Omã, sabia que iria encontrar: mar, praia, montanha, deserto e história. Todos os ingredientes portanto para uma viagem de sucesso. E assim foi. Tive de tudo. Surpresa, saudade, paz, confusão, calor, calor humano, solidão…é um rol de emoções, principalmente quando se viaja sozinho e esta foi a minha primeira vez, são sobretudo as emoções que procuro encontrar neste tipo de viagem, e em Omã encontrei, por isso me apaixonei.
Reparei que não são muitos os viajantes por Omã, quando digo viajantes quero dizer pessoas que vão para outro país sem ter “all package include” hotel, visitas guiadas etc. Mas encontram-se, tanto assim é que fiz amizade com um viajante alemão em trânsito para Zanzibar, e um simpatiquíssimo casal francês de Nantes que meteu conversa comigo no topo do Jebel Akhdar a quase 3000m de altitude e me convidou a visitá-los em França num futuro próximo. Assim o farei, prometo!! Mas com a família.
Eu fui sem nada, mas mesmo nada marcado, só o voo ida e volta. De facto, o Sultanato não está muito preparado para receber este tipo de “turista”, os hotéis não primam pelo baixo preço e os transportes públicos escasseiam. Diria que o visitante tipo de Omã são mais aqueles que fazem precisamente o contrário, (o que respeito) chegam alugam grandes Jeep’s para o deserto e montanha e partem para explorar o país, até porque o combustível é barato. Mas esse não é o meu modo de viajar.
Queria sentir o pulso às gentes, os cheiros, falar, discutir se preciso, absorver tudo, perder-me…fazer perguntas, estúpidas se necessário. Desta vez nem mapas, nem guias, apenas uns apontamentos de nomes de locais por onde queria passar e ver. E não me arrependo, bem pelo contrário. Assim se descobrem coisas que não vem nos guias sem deixar de ver o que vem nos guias. É assim que gosto de “turistar”, chamem-lhe o que quiserem, não gosto de rótulos.
E sinto que consegui, consegui porque senti saudade e emoção no momento em que me despedi dos meus amigos Omanitas ao mesmo tempo em que senti alegria por saber que iria regressar a casa.
Em Omã tudo isso aconteceu. É o mais importante para além de tudo o que se vê. As experiências vividas e histórias subsequentes. Como a do meu amigo Salim que querendo oferecer-me a mim e à minha família como recordação o doce tradicional Omanita Halwa percorreu comigo meia Muscat no táxi do seu irmão à procura de uma loja aberta, tudo isto a três horas do meu avião partir…épico.
Paisagem do interior de Omã
Praias fabulosas de água morna, um mar de um azul épico, mar esse cheio de vida, desde golfinhos a tartarugas. Montanhas de fazer cortar a respiração, desertos que nunca mais acabam. No seu interior, o seu riquíssimo passado está á vista com os seus fortes e castelos vigilantes suavizados por imensos oásis de palmeiras, monumentos lindos, uma capital em que a sua cidade velha (Mutrah/Old Muscat) se esconde e se mostra por entre montanhas rochosas e por baías de calmas águas que se mostram na serpenteante estrada que nos aguça o apetite a cada metro calcorreado.
Mas mais uma vez o mais importante ainda não referi. O mais importante são as pessoas, e essas estiveram muito, muito à altura ou quiçá até acima do seu belíssimo país.
Até já Omã.
Filipe Morato Gomes
21 Março, 2017Fantástico. Fico à espera de outros relatos para me inspirar – ainda este ano conto lá ir “turistar” 🙂
Grande abraço,
Filipe
projecto100rota
21 Março, 2017Olá Filipe. Que bom !Aquilo é boa gente. E sei que há mais malta aí de “cima” que vai até lá !Ainda bem, vamos ver se começam a perceber que há malta que quer alojamentos mais em conta heheh Obrigado por passares por aqui! Sinto me honrado! Abraço.
Andrea
25 Março, 2017Curioso e mto bacana… adorei. Aguardando as dicas.
projecto100rota
26 Março, 2017Olá Andrea, Obrigado as dicas já estão a sair hehehe
Flávia Donohoe
25 Março, 2017local bem interessante, ainda tenho muita vontade de conhecer os países da região e Omã está na lista! Espero que seja tranquilo pra mulheres viajarem por lá! Abraços
projecto100rota
26 Março, 2017Olá Flávia, é muito tranquilo para mulheres, vi várias viajando. Omã e Emirados as mulheres podem andar à vontade hehehe
Leo Vidal
25 Março, 2017Tenho vontade de conhecer, parece bem interessante e seu post aguçou a curiosidade em conhecer mais ainda. Parabéns!
projecto100rota
26 Março, 2017Olá Leo, Acompanhe os próximos posts também! Omã é de facto muito bonito e muito,muito tranquilo. Obrigado e boas viagens!
Fabia Fuzeti
26 Março, 2017Que legal! Confesso que nunca tinha me interessado a visitar Oma… mas agora, o seu post atiçou a vontade! 🙂
projecto100rota
26 Março, 2017Olá, Fábia, é um país belíssimo, ainda bem que resultou, espero que visite em breve!
projecto100rota
28 Março, 2017Omã é muito legal mesmo Fabia, pesquise evai ver!
Tina Wells
27 Março, 2017Adorei! Uma experiência incrível e muito bem contada! Quero mais! Uma bela surpresa e a prova de que um bom líder faz um país progredir!
projecto100rota
28 Março, 2017Bem verdade Tina! Obrigado pelo comentário, boas viagens!
Cynara Vianna
27 Março, 2017Super diferente esse destino, quando penso em países naquela região, só me vem à cabeça a segurança, preciso me me informar mais a respeito para tirar esse bloqueio. Tenho visto alguns relatos de viagens muito interessantes e que foram maravilhosas.
projecto100rota
28 Março, 2017Olá Cynara, pois relativamente à segurança é do que tem de melhor. Já viajei por alguns sítios, e sinto me sempre muito mais seguro em países do Médio Oriente, o crime é reduzidíssimo e residual. Acredite, olhe que já perdi a minha carteira e no outro dia vieram me entregar ao hotel com odinheiro todo que tinha até ao ultimo centavo (é só um exemplo).
Keul Fortes
27 Março, 2017Uau! Realmente nunca tinha me interessado esse país até ver esse post. Fiquei com vontade de turistar! Que lugar bonito. Obrigada pela dica!
projecto100rota
28 Março, 2017Turiste até Omã Keul!! Boas viagens!
diana guerra
28 Março, 2017Gostei do relato!
Há viagens que gosto de planear e há viagens…. em que gosto de fazer como descreves: perder pelas ruas e sentir o cheiro às coisas!
Foi uma bela primeira descrição, fico à espera do resto… )
projecto100rota
29 Março, 2017Obrigado Diana, boas viagens!!
Paula Abud
6 Abril, 2017Que demais! Omã deve ser incrível, cheio de cultura, pessoas maravilhosas, imagino que sua viagem tenha sido uma delícia!
Adorei o post, as fotos e as informações, parabéns e obrigada por compartilhar conosco!
projecto100rota
8 Abril, 2017É mesmo Pula, tem de ir um dia!
Pedro Henriques
6 Abril, 2017Já estive para visitar o Omã em 2013, mas À ultima da hora mudei de destino. De qualquer forma o bichinho ficou e espero poder viajar pelo país num futuro próximo!
projecto100rota
8 Abril, 2017Olá Pedro, espero que sim !!Boa viagem!
Marco
13 Setembro, 2017Estou programando uma viagem a Omã. Em que lingua voce se comunicava ? É fácil encontrar pessoas que falam inglês ? Parabens pelo blog
projecto100rota
11 Outubro, 2017Obrigado Marco, quando vai ? Muitas pessoas falam inglês mas é aconselhável o “desenrasque” dos gestos bastantes vezes.
Ana Teresa
11 Janeiro, 2018Fui em Oman no mês de novembro de 2017.
A temperatura no final de ano é igual a do Brasil.
Dá para caminhar na cidade.
Ir a praia…
É um País maravilhoso!
Conheci Sohar e Muscat.
Paisagens inesquecíveis!
Imperdível safari no deserto.
Ana.
projecto100rota
21 Janeiro, 2018É não é ? Também adoro, e tão tranquilo…imenso!