Este não é um artigo sobre comida. Vamos perceber então porque escolhi esta foto inicial para um artigo sobre mesquitas? Então cá vai:
Depois de escrever aqui sobre As 7 coisas que mais gostámos no Irão, decidi criar um post apenas sobre as mesquitas, ou melhor, um post sobre a nossa visita às mesquitas na antiga Pérsia.
Além da sua arquitectura típica belíssima com suas cúpulas, minaretes, formas simétricas, azulejos e bonitos tapetes, o que mais nos cativou foi o modo tranquilo e do à vontade com que poderíamos permanecer no seu interior.
Só um a parte para dizer que nem em todo o “mundo muçulmano” assim é. Em Marrocos por exemplo, os estrangeiros e não muçulmanos são simplesmente proibidos de entrar (com excepção da grande mesquita de Casablanca).
No Irão não só é permitido, como somos convidados. A foto em baixo é um bom exemplo disso. “Por favor sinta-se à vontade e seja bem vindo a visitar o local, tirar fotos, seja de que religião for…”
É impossível no entanto ficar indiferente aos tais pormenores “técnicos” de arquitectura, afinal são eles também obra do homem.
Ficámos mesmo muito impressionados, principalmente nas mesquitas onde há túmulos de profetas (como esta da foto abaixo em Kashan), em que as paredes e tetos são totalmente cobertos com vidros espelhados, o que faz um efeito visual brutal. Como não tínhamos pesquisado muito sobre isto antes da viagem, assim que entrámos no primeiro foi um…wowww !!
Não deixa de ser curioso que num local tão solene, haja pessoas a distribuir por TODOS os presentes, apetitosos snacks de bolinhos, rebuçados e bolachas. Como seria de esperar também fomos contemplados, e apercebendo-se de que seríamos estrangeiros não hesitaram a dar-nos dose reforçada. Senhoras vestidas de perto à nossa frente, carinhosamente, faziam um sinal que percebemos ser para aceitarmos e comermos a oferta.
É impossível não ficar rendido a tamanha generosidade de um povo de um país que é acusado como sendo pertencente a um suposto “eixo do mal” por alguns países do ocidente.
Apesar de na antiga Pérsia nem todas as mulheres vestirem de preto, é comum nos locais sagrados e em cidades um pouco mais conservadoras que muitas tenham essa cor como favorita e usem um manto que lhes cobre todo o corpo.
Acredito e compreendo que quem olha para estas mulheres assim vestidas, tenha um certo receio ou crie (se já não tem) algum tipo de preconceito, tente colocar isso de lado. É verdade que o (chador) confere-lhes um certo ar misterioso ou até assustador, mas assim que o seu sorriso e simpatia disparam sobre nós, desmontam toda aquela escuridão, mas de escuridão só o aspecto exterior. Contêm muito mais colorido do que à primeira vista se poderia supor.
As mulheres no Irão dão um excelente tema de conversa, mas o meu foco neste post são as mesquitas. Prometo dedicar um pensamento sobre esse assunto para mais tarde.
Apesar de não sabermos “patavina” quem era o profeta, qual o significado disto e daquilo, enfim, não saber nenhum porquê, sentia-se que aquelas pessoas estavam felizes e em paz. Essa energia contagia.
Um pouco como aquela história dos estrangeiros que gostam de fado apesar de não terem a mais pequena ideia do que a fadista está a dizer, mas sentem-no, e é isso que mais importa, não ?
Como em qualquer outro país “oficialmente islâmico ” há mesquitas por todo o lado não é difícil encontrar uma. Depois de visitarmos as primeiras, fizemos questão de visitar pelo menos uma em cada cidade.
Podem parecer muito semelhantes, mas há sempre diferenças. Por exemplo de região para região, e de época para época. É muito diferente uma mesquita de Sanandaj no Curdistão Iraniano de outra em Tabriz na região do Azerbaijão (não confundir com o país) ou de uma em Yazd por exemplo.
Interior de Mesquita em Sanandaj-Curdistão Iraniano
Interior de mesquita em Yazd
Apesar dessas diferenças, digamos que…arquitectonicas no “edifício”, o que as une e o que adorámos mesmo foi toda aquela vivência cultural que sempre se partilha ao permanecer ali horas a relaxar e a contemplar o momento.
Agora para ser um pouquinho mais pragmático, obviamente que o calor que se fazia sentir na rua também foi um forte motivo que nos levou a gostar muito de as visitar e a ficar mais tempo.
Claro que ao início tínhamos algum receio de estar ali assim tão à vontade a fazer uma pausa na nossa viagem, mas os iranianos sempre que podiam insistiam e faziam questão que assim fosse. Nós só fomos obedecendo! Estivemos deitados, sentados, a ler, a comer…tal e qual os locais, adorámos.
Cúpula de mesquita em Esfahân-segundo o que li os desenhos e forma são matematicamente perfeitos.
Mesquita de Yazd
Aconselhamos numa eventual ida ao Irão que visite as mesquitas. Mas que as visite com calma e com tempo, sente-se a contemplar o monumento mas também observar as pessoas. Se se deixar envolver, mesmo que não seja muçulmano, irá absorver e sentir a espiritualidade do momento.
Interior da Mesquita azul em Tabriz
Boas viagens!