Irão, Médio Oriente

Viajar no IRÃO | Mochilando pela antiga Pérsia | Parte 2

Depois de uma 1ª parte cansativa mas simultaneamente rica de experiências do nosso “MOCHILANDO PELA ANTIGA PÉRSIA”, estávamos precisamente a meio da nossa viagem ao Irão. 

Shiraz –uma cidade que nos encantou- serviu de reposição de energias e consequentemente rampa de lançamento para a 2ª parte da nossa aventura, vamos ?

– SHIRAZ/PERSÉPOLIS

É a cidade “coração da cultura Persa” , mas também uma excelente base para explorar as ruínas da antiga e majestosa Persépolis. Como estávamos um pouco cansados fisicamente da 1ª parte da nossa viagem, e gostámos tanto da cidade, decidimos permanecer por lá 3 dias, quando o plano inicial seriam 2.

Houve três momentos em que Shiraz nos fez ficar de queixo caído. A visita a um dos locais mais sagrados no Irão para os muçulmanos Shiitas, o santuário de Aramgh-e-Shah-e-Cheragh,  uma tarde passada a apreciar a vida local nos jardins em frente ao forte de Arg-e Karim Khan, e Naqsh e rostam, uns gigantescos túmulos escavados numa montanha a escassos quilómetros de Persépolis.

Outros grandes motivos de interesse em Shiraz e que também merecem uma visita são: o túmulo dos grandes poetas Hafez e Sa’di, o bazar -um dos que mais gostámos no país, a mesquita Vakil, e…Persépolis.

 

– YAZD

Torres de vento no telhados do centro histórico de Yazd

Saímos ao fim da tarde de Shiraz numa longa mas tranquila viagem de autocarro, tendo com destino uma cidade que se diferencia das outras que visitámos.

Yazd é uma cidade às portas do deserto. O seu centro histórico com as suas inconfundíveis “Badgirs”  ou torres de vento, é um dos mais antigos do mundo segundo a UNESCO e um dos mais impressionantes a nível do tipo de construção em adobe segundo os autores deste blog. É também ainda um “dos”, ou mesmo o mais importante centro da antiga religião “Zoroastra” que era na realidade a religião maioritária –desculpem o simplismo-  do povo persa até à conquista árabe.

A sua mesquita principal, a Masjed-e Jameh, tem dois minaretes com 48m de altura e são dos mais altos do Irão. No seu interior passámos longas horas a descansar, fugindo do calor e a contemplar  a serenidade e boa energia que o local transmitia. Aliás, uma prática comum entre o povo nas mesquitas do Irão.

Descansando na mesquita de Yazd

Um local que também achamos que vale a pena visitar é o Yazd Water Museum, conta-nos como nesta região, há pelo menos há 2000 anos se criaram canais e se abriram poços para levar a água a sítios improváveis e áridos. Todo este sistema foi em 2016 inscrito na UNESCO como património mundial.

O que visitámos nos arredores de Yazd:

– Torres do silêncio Lugar muito místico. Local onde eram depositados os mortos pertencentes à religião zoroastra. Segundo a religião, para os corpos defuntos impuros não conspurcarem a terra, eram depositados nestas torres acabando por serem comidos pelos abutres. Essa prática aqui no Irão já se deixou de fazer há dezenas de anos. Estão situadas a cerca de 6 km do centro da cidade. Se puderem visitem-nas ao pôr do sol

– FahrajPequena vila situada a 35km da cidade e já bem na orla do deserto. Nada de muito especial se passa. O facto é que descobrimos que aqui está muito provavelmente aquela que é a mais antiga mesquita do Irão. 

 

 

– ESFAHAN

Num jardim de Esfahan

Esta será a cidade mais visitada da antiga Pérsia, e aferimos algumas boas razões que contribuem para isso. Não obstante, tivemos muito pouco tempo para o que a cidade oferece, pelo que, tivemos de ajustar o modo como visitaríamos Esfahan, a cidade mais acarinhada do Irão.

Jardins extensos e bem cuidados, edifícios históricos muito importantes, pontes que são obras de arte, uma praça -que é das maiores no mundo- listada na UNESCO, um bazar onde é fácil nos perdermos, para não falar da cúpula da mesquita Masjed-e Shah que dizem ser obra de “uma verdadeira perfeição matemática”.

Interior da ponte Pol-e Si-o-seh

Tudo isto e muito mais, fizeram alguém apelidá-la brincando com as palavras dizendo: “Esfahan nesf-e jahan”, que é como quem diz: “Esfahan é metade do mundo”. 

Com tanta coisa para ver, mas tão pouco tempo disponível para esta cidade, o que decidimos fazer foi, passar a maior parte do tempo na Praça central Naqsh-e Jahan –onde lanchámos e fizemos pic-nic’s tal qual os iranianos- passeámos pelo bazar que está nas proximidades, visitámos a Mesquita Masjed-e Shah -na parte sul da praça- e ao fim da tarde rumamos até Ponte de Pol-e Si-o-seh ou a ponte dos 33 arcos, onde tirámos milhões de fotografias.

Ponte dos 33 arcos à noite

Ficou muito para visitar mas teríamos andado numa correria desenfreada para conseguir ver tudo, ao invés, quisemos simplesmente “estar”, e ao “estar” acabámos por captar melhor, cremos, a alma da cidade.

Talvez pela escassez de tempo não conseguimos afirmar que é a nossa cidade preferida no Irão, mas gostámos bastante e sonhamos um dia voltar com mais tempo.

 

-KASHAN

A Mesquita Masjed-e Agha Borzog

Já faz parte da maioria dos roteiros oferecidos aos turistas no Irão, e Kashan veio na altura e medida certa para nós. As cidades no Irão -para os nossos parâmetros- são enormes, e ao fim de quase 1 mês de viagem passar por várias grandes cidades é para nós um pouco desgastante, vocês decerto já se terão apercebido da nossa preferência para cidades mais pequenas. Assim, visitar Kashan já na parte final da viagem, retomar energias, e depois partir para a grandiosa Teerão foi sem dúvida uma escolha acertada.

Tivemos aqui 2 momentos altos de toda a nossa aventura na Pérsia. A visita ao histórico Bazaar de Kashan, um dos melhores no país na nossa opinião, concorrido mas nada caótico, e com um lindíssimo caravanserai* do séc.XIX, onde tomámos um delicioso chá e vimos a vida a passar.

E ainda dentro do Bazaar a visita ao santuário de Ibn Musa Ibn Jafar -descendente do profeta Maomé- onde fomos recebidos com um cartaz que dizia: “Por favor, sintam se à vontade para visitar e tirar fotografias neste local sagrado, sejam de que religião for.” Pare além deste recepção de boas vindas, muitos sorrisos  e um faustoso lanche inesperado oferecido pelos locais que incluiu: Sumo, bolos, bolachas, chocolates e bombons.

*Caravanserai- Antigas unidades de apoio logístico destinadas a mercadores viajantes.

À parte disto Kashan ainda tem mais locais  bastante interessantes para ver, a saber : A Mesquita e Madrassa Masjed-e Agha Borzog, as casas tradicionais da dinastia Qajar, o jardim Bagh-e Fin -um dos jardins Persas inscrito na lista UNESCO e a famosa aldeia de Abyaneh a cerca de 80km.

Visitámos todos os locais à excepção da aldeia de Abyaneh, uma típica aldeia iraniana de montanha nos arredores da cidade. Ainda ponderámos visitá-la, mas depois de nos terem abordado várias vezes na rua a sugerir um tour acabámos por recuar na ideia, achámos que se calhar estaríamos a embarcar em algo demasiado “para turista ver”. 

-TEERÃO

Ufff…que dizer mais. Teerão é uma cidade gigantesca. Há de tudo, e em grande quantidade. Carros, motas, pessoas, jardins, montanhas, cafés, fumo, lojas, barulho, silêncio, museus, galerias de arte e palácios. Lá vem a história das expectativas…nalguns escritos diz-se que a capital é “cinzenta, poluída, feia”. Com o segundo adjectivo ainda concordamos mas mais nada. Teerão -apesar da poluição- foi uma agradável surpresa.

A foto em cima não está aqui por acaso. Desta vez vamos poupar-vos a uma lista exaustiva dos lugares a visitar e que visitámos na grande Teerão. 

Fomos muito felizes nesta grande cidade, acho que namorámos em quase todos os seus inúmeros e bonitos jardins, ouvimos “George Michael” enquanto comíamos um esparguete à bolonhesa e uma pizza, passeámos pelo seu gigantesco Bazar, visitámos as tais galerias de arte, museus de jóias, conversámos horas a fio com jovens estudantes nos parques e cafés das universidades, tirámos fotos à ex-embaixada dos EUA famosa pelos acontecimentos que precederam a revolução iraniana dos anos 70, e até visitámos um palácio (o de Golestan) colados a um grupo de americanos para escutar a explicação do guia, sim, leram bem, de americanos. 

Se estávamos ainda “armados” com alguma coisa em relação ao Irão, Teerão “desarmou-nos” completamente. Adorámos Teerão. Foi a nossa cidade preferida –e preferimos cidades mais pequenas-  perdoem-nos Esfahan, Yazd e Shiraz.

Num qualquer jardim de Teerão-parte 2

Loja em Teerão 😉

Fazer esta viagem logo no ano que se seguiu à nossa primeira grande aventura por Marrocos só de transportes públicos foi uma excelente opção.

Estávamos como se diz...”com a corda toda nos pés”, e quanto ao planeamento mesmo hoje em dia a esta distância pouco teria mudado no roteiro da viagem. Quiçá, tirar uma noite “aqui” e colocá-la “acolá”, mas para nós, que não costumamos planear tudo ao mais ínfimo pormenor, afim de deixar alguma liberdade de movimentos,  AS DECISÕES  ACABAM POR DEPENDER MUITO DO MOMENTO E DO ESTADO DE ESPÍRITO. 

Em todo o caso se tiverem  dúvidas acerca do roteiro não hesitem e podem contactar-nos através do formulário de contactos abaixo.

Boas viagens !!!

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